sábado, 7 de dezembro de 2013

A tua sombra

Vivo as ilusões dos sonhos perdidos
Vivencio a sombra do verdadeiro amor
Acompanho caminhos trilhados pela alma gémea
Sinto um amor que a vida em mim matou!

Observo, escuto e sofro em silêncio, por ti e por mim
Hoje resta-me apenas um trapo de retalhos
Um coração estilhaçado por sonhos quebrados
Sangrando a doçura do amor longínquo



Vejo-te contemplativa, sentada nas rochas
Esvoaçando teus cabelos, acarinhados pelo mar!
Numa cumplicidade selada pela compaixão
Libertas ao vento o perfume que outrora senti

Olhas com um olhar vazio, escondido pelas sombras
Um destino que não escolhemos, mas reservado
Pedes a paz para a tua alma agitada, mas …
Vives como vivo, alimentando um amor morto, mas doce!

Uma tumba fria foi-me reservada em vida
Ornada com um relicário onde guardo minhas cinzas
Deposito nele os sentimentos amordaçados
Na esperança de ressuscitar no além o amor que te neguei!


João Salvador – 07/12/2013

Acompanhamento:
Canção do mar - Dulce Pontes

Amigos?


Dizes-te amigo, mas não o és!
Que raio de amigo és?
Define-te …
Assume-te nas horas das trevas

Nas horas do paraíso, segues a felicidade
Bebes o mesmo vinho
Comes o mesmo pão
Usas a mesma mesa
Empanturras-te nos fáceis sorrisos

Quando surge a escuridão …
Não bebes o vinho, temes o veneno
Não comes o pão, temes engasgas-te
Não choras suas lágrimas
Temes a amargura

Que amigo é aquele que te abandona?
Que amigo é aquele que te vê triste,
Dilacerado em sentimentos que te
Rasgam a alma e nada faz?

Que amigo é aquele que te priva da sua luz?
Que amigo é aquele que te nega um sorriso?
Que amigo é aquele que te nega uma palavra de esperança?
Que amigo és tu?


João Salvador – 02/09/2013

Rugas do tempo


Observam-se os anos que passam
Rugas que surgem
Memórias que se perdem
Palavras que se esquecem

Caminha-se lentamente
Para um destino conhecido
Um ciclo que decorre
Traçado pela natureza humana

Não adianta combater
Algo que não consegues vencer
Mas não deves resignar-te ao destino!

Podem os anos vencer mas abraça-os
Com sabedoria pela experiência que te deram

Vive, dia após dia
Sabiamente
Sorvendo o sol que te ama
A chuva que te afaga as lágrimas
O vento que te acaricia

Os sorrisos premiados
Os afagos, os abraços
Os sentimentos mais belos

Usa-os, alimenta-os
Enobrece-te de amor
Ainda que te vençam os anos
Vive-os intensamente
Pois só terás uma oportunidade
Depois …
Será tarde demais!


João Salvador – 01/08/2013




Virgindade na dor!


Dilacera o coração
Do pai que ama
Da mãe que chora
Da família que entristece

Quando a notícia surge
O corpo gela
A respiração abranda
Tudo fica suspenso … na dor!

Finalmente, a dor apazigua
Do pai que ama
Da mãe que chora
Da família que entristece

Um susto,
Que gela as almas
Daqueles que amam
Dor sentida
Agora adormecida

Ver-te ferido
Ceifou o coração
Mas o sofrer esse matou
A inocência da tua juventude

Sentes agora dor
A realidade dos gritos
As queixas do corpo
Dores que sentem
Também aqueles que amas

Impotência …
Pequenez …
Desorientação …
Dor de amor …

Assim sentem os pais
Perante as dores
Dos filhos que amam!

João Salvador – 07/08/2013