quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Meditar



Fecho os olhos e medito a vida em dias de melancolia … afundando-me em pensamentos! Procuro respostas para as mágoas sentidas mas não compreendidas. 

Vivo uma existência pacífica, ainda que polvilhado por conturbados episódios de insegurança que me são alheios, plantados pela própria sociedade consumista e inerte que habita as terras lusas e o próprio berço da humanidade.

Temo já não por mim mas pela minha prol, pelo futuro que a vida lhe reserva. As contrariedades da vida a que não estão habituados, à dureza de uma realidade que ainda não sentem verdadeiramente. 

Vive-se numa época em que viver com honra e humildade se torna uma tarefa hercúlea e cujos valores passamos à próxima geração. Educação que lhes incutimos a ferros, pois é necessário combater todos os factores externos que os iludem para uma suposta vida de facilitismo em que tudo cai a seus pés sem esforço!

Diariamente olho em redor e sinto uma maior tensão social reflectida nas pessoas que se manifestam indignadas com um presente já de si comprometido. Muitas habituadas ao que nunca foi seu e que agora temem perder (e que perdem por ordem do estado da nação). 
Medito sobre tudo isso e sinto as pessoas a definhar. A sua vontade esvai-se seja a nível laboral quer por força do que lhes é retirado; seja ainda por mera desculpa para não se maçarem com os problemas de terceiros, ou finalmente, seja (que é o mais grave de tudo) por desmotivação gerada pela falta de reconhecimento do seu esforço diário, vendo premiados a inércia de outros que nada fazem em prol do próximo e como parasitas que são sugam o esforço do hospedeiro. Direi que em boa linguagem transmontana são uns parasitas de “MERDA” (desculpem o impropério – mas por vezes sabe bem o desabafo!).

Medito agora com tempo, porque as férias servem para ordenar as próprias ideias, procurando-me a mim próprio.

Medito as preocupações de amigos (pessoas de bom coração) que vejo a definhar pelas injustiças de que são alvos, por parte de chefias insensíveis ao sofrimento alheio, vendo o seu semblante carregado, com as lágrimas contidas (pois chorar não é próprio de um homem, pelo menos em público – muitos de nós ainda carregam esse estigma). Sinto dor por ver um amigo sofrer e vê-lo a caminhar rumo à não vida, abandonado por quem o deveria apoiar … temendo pela sua própria sanidade mental.

Sim, sobre tudo isso medito … procuro encontrar um rumo certo para as minhas preocupações, muitas vezes confusas que se cruzam em névoas perdidas criadas pela própria mente.

Temo pelo rumo a que a nação está votada, vendo o timoneiro a perder o Norte, levando o barco rumo a um abismo …


João Salvador – 31/10/2012

domingo, 28 de outubro de 2012

Sofrer o teu sofrer …


Teu céu
Tão meu
Tão nosso …
Choro tuas lágrimas …
Suplico, fá-las também minhas …
Quero senti-las, como uma ferida de dor …
Sofrer o teu sofrer …
Derrama-las em jorros nas cataratas perdidas
Onde me encontrarás …
Terás em mim o poder da cura …
Afoga tuas lágrimas no meu amor!

Nesse amor que nos une …
Na partilha
Nas memórias …
Nos momentos experimentados
Ali buscamos o nosso viver
Num novo renascer …

João Salvador – 07/10/2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Frases (vida de sabedoria)



As palavras que derramas da mente, fluem através da escuridão, derrubando a resistência da ignorância, iluminando-a, abrindo-te caminho para uma vida de sabedoria.

João Salvador – 26/10/2012

domingo, 21 de outubro de 2012

Miro o tejo



Miro o tejo contemplativo
Olhares curiosos
Penetram os seus mistérios
Indagam sobre suas águas
Cujas histórias nele guarda

Tejo que banhas Lisboa
Devassada pelo desmazelo das gentes
Nem assim abandonas os homens
Alimenta-los de vida
Indiferente à sua incúria

Barcos rasgam teu ser
Lambendo-te os cascos frios
Que te ferem a alma
em chicotadas agrestes
Maus Tratos diários,
insensíveis a teus desígnios
destroem a tua beleza.

És acalentado pelo amor
Pelo romantismo de jovens casais
Que se acariciam e se amam junto a ti!
Alimentas-te desse amor que extravasa

Ó Tejo!
Tanto de ti que revejo em mim!
A profundeza de teus mistérios
Que guardas nas tuas águas
E eu nos recantos da minha alma!


João Salvador – 17/10/2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Esquecimento


Finge o poeta que esquece
Foge do espírito que o enlouquece
Afasta do pensamento a memória
Sepultando o sentimento que sente!

Remete o amor para o esquecimento
Numa ténue fronteira que o assusta
Num presente já passado, que o rodeia
Ali estão as reminiscências da mente

Memórias que afloram em dias de melancolia
Desabrocham intensamente, num fogo viral e violento
Ferem intensamente o coração da gente
Ofuscam o espírito e a razão … irracionalmente!

Uma lembrança morta de chama vida,
Numa dor que reaparece intermitente
Numa ilusão que desaparece
Num pensar que não padece!


João Gomes Salvador - 20/10/2010

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Encontro sonhado



Concentras-te no limbo do vazio
Evitas olha-la
Tão próxima …
Sentes seu cheiro
Enlouquecedor!

A tentação é forte
Vês a sua imagem reflectida
no teu céu espelhado
onde vislumbras o seu olhar
a penetrar-te.
Irrompe no teu sentir!

Um olhar consentido
seduziu teus perdidos
e luxuriantes pensamentos
Olhares que agora se gladiam
apelando ao selvático desejo
Um animalesco devaneio

Um realizar …
Sonhado por duas almas desconhecidas
Viram-se apenas infinitamente
neste instante vivido que é o agora!

Perderam-se no embate dos olhares
profundos … saborosos e sentidos
Deixaram explodir a paixão!
Tudo a imaginação sonhou
numa realidade verdadeira
Amaram-se na perdição
satisfazendo uma ilusão!

Logo relaxaram …
Estava consumado
Refrearam seus olhares
Passou o momento sonhado
Por dois desconhecidos
Perdidos no tempo
Perdidos no espaço
Perdidos em si!

João Salvador – 17/10/2012

sábado, 13 de outubro de 2012

Ousadia



Não ousas falar-lhe
O Receio das mágoas sentidas
O medo das palavras ditas
A dúvida no pensamento

Ficas feliz de a ver
Sentir a sua presença
Ainda que te não sinta
Ainda que te não veja

Uma enormidade presente
Um coração de saudade
Um amor de verdade
Um sentimento puro
Uma paixão que não mente!

João Salvador – 20/05/2012

domingo, 7 de outubro de 2012

Profundidade da alma



Na profundidade da alma
Encontrei a transparência
Afastando o lodo dos males
Avistei finalmente quem sou

Descobri a existência duma vida
Um amor incondicional
O amor a mim próprio
Não vivo mais toldado pelas trevas
Afastado da luz que guia as almas
Não vivo mais afastado de mim

Foi nessa gruta interior
Após meditar em silêncio
Recolhido dentro do meu próprio casulo
Que a encontrei … numa fresta
Escondida num recanto remoto da mente
Ali descobri a luz que me dirigiu
Para o interior da minha consciência

João Salvador – 07/10/2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Memórias (Pensamento)



Nos piores momentos das nossas vidas, o melhor refúgio são as memórias das alegrias gravadas na nossa mente.
Esse bálsamo funciona como um medicamento que apazigua a dor!

João Salvador – 1/10/2012