domingo, 3 de janeiro de 2016

Acalmia de uma mente tumultuosa



Sinto hoje uma estranha calma que me inquieta. 
A chuva cai ritmada, adoçando a preguiça dos meus pensamentos.
Liberto as luzes foscas e dúbias que prejudicam a mente. 
Troco-os pelas palavras doces, que um dia me sussurraste "Amo-te" e que esperançoso desejo ouvir novamente!
Descontraio a caverna desta mente revolta, cujas águas navegaram tumultuosas, nos dias passados.
Pesando as tuas palavras, não mais perderei os momentos de paixão que me bafejam. 
Os contactos dos corpos, o prazer, o desejo, não mais os renunciarei em prol de uma espera que não sei realizável.
Certo que teu corpo é meu templo, uma deusa, Afrodite da minha luxúria, a Vénus da minha perdição. 
Inigualável é o teu cheiro, a textura de uma pele que ousaria tocar, uns lábios que beijaria sofregamente, afundando-me nos tremores do desejo, que enlouquece os amantes. 
Esse templo cujo escravo se rende ... não alcança. 
Iludido, rezo a outros templos que consumo como louco, mas cuja satisfação é de momento, mas logo desvanece. Dá lugar ao vazio e ao verdadeiro querer!
Soubesses o quanto te desejo ...

João Salvador -03/01/2016