sábado, 26 de março de 2016

Muro do destino

O puzzle da vida é muitas vezes uma encruzilhada que não permite saídas fáceis, nem resoluções miraculosas.
Por mais que se escolha o caminho, o rumo que se acha certo, deparamos com barreiras muitas vezes demasiado altas para serem escaladas.
Mesmo assim, com perseverança, coragem e vontade, pode construir-se uma escada que nos ajude a escalar esses muros levantados pelo destino. 
Muros que muitas vezes nós próprios erguemos, ainda que na inconsciência das nossas almas!
João Salvador - 26/03/2016

terça-feira, 22 de março de 2016

Olhares do destino (micro contos)


Como ele se sentia, assim te sentias tu. Por mais que olhasse o espelho, não se via a si própria, mas apenas a uma sombra do passado. 
Como desejava voltar a tê-lo nos seus braços. Ela sabia-o longe, mas ao mesmo tempo tão perto. Não precisava de procurar no baú das recordações, pois sabia-o logo ali. Tão à mão, tão seu! 
Sentia as suas tristezas, as suas derrotas. A vida do seu amor, decorria à distância do desejo. Bastava querer que logo o teria em si. Mas que temeria ela? Quais os seus medos? 
O passado seria para enterrar, ou para viver o que não viveu? Sabia-o pronto para amar, pois a vida pregou-lhes algumas partidas, a ambos e no entanto, miraculosamente, ou por intervenção do cúpido, continuavam apaixonados ... sem se tocarem!
Cruzavam-se com frequência em sonhos, falavam um com o outro, matavam os desejos, saciavam os seus corpos nus. Percorriam os mais misteriosos recantos de uma história de amor. 

Através desse fluxo de sentimentos, conseguiam que o sangue de ambos circulasse, mantendo o coração activo, quente, com vontade de enfrentar todos os obstáculos que se lhes deparavam.
Tudo isso ela sabia, como o sabia ele e no entanto ... que esperavam? 

Na verdade bastaria que ambos fizessem um esforço, sentando-se frente a frente e se olhassem. Tudo chegaria num turbilhão de sentimentos, uma explosão de vontades, que logo se revelaria, forte e intensamente. A lava dos seus corações preencheria os vazios que agora sentem! Tudo isso se apagaria, num amar místico e só deles. 
Que mais importa além das suas loucuras? Que mais importa além do amor puro e verdadeiro que os une. Medo de uma sociedade puritana, podre, hipócrita?
Nesse dia, quando se olhava ao espelho, tomou a decisão mais importante da sua vida. Era o agora ou nunca. Pegou numa mala, colocou o essencial para a viagem e partiu para a terra dos sonhos, com sofreguidão ...
Iria vê-lo, agora, não esperaria que o destino nunca chegasse. O destino seria de ambos. O resto era o resto ...


João Salvador - 22/03/2016

segunda-feira, 21 de março de 2016

Como combater este vazio, que vaza a alma?


Como combater este vazio, que vaza a alma?
O grito da alma, vive na tumba,
abandonada pelo amor!
A réstia de esperança na ressurreição,
o acreditar nos sentimentos que já viveu,
nem isso tem hoje.
Nada lhe resta,
apenas o infindável deserto da tristeza glacial,
que gela o coração,
outrora vivo!
Como pode viver agora,
arrastando-se pelo limbo,
entre uma viva que não tem e uma vida que deseja?
Vive … ou sobrevive?
Nem a sua própria mente pensa com lucidez,
pois a razão já não a possui.
Aliás, o que possui de verdadeiramente seu?
Nem a sua mente,
nem o seu corpo …
está entorpecido,
já nada é seu!

Quiseram os deuses,
desprove-lo de tudo,
aligeirando-o da essência humana,
transformando-o num demente.

Deambula agora perdido pelos pântanos,
olhando ao longe a felicidade … uma miragem!
Enterrado nesse pantanal de sentimentos apagados,
que não ousa reacender.
Grita sem fôlego, o triste fado,
Chorando a cobardia, o medo, a imperfeição.

As forças já lhe faltam.
A vontade,
essa esvaiu-se com o sangue que vazou do coração.
Já não vive,
já não sonha,
já não sabe quem é,
o que é …
a esperança fugiu-lhe,
abandonando-o!
Já não tem forças para combater a escuridão!


João Salvador - 21/03/2016

sábado, 19 de março de 2016

Pai eterno



Celebra-se hoje o dia do guerreiro, 
cuja luz mística e reconfortante, 
não logrei conhecer. 
Sabia-o eterno, 
brilhando nas constelações do coração de um filho errante, 
que não se cansa de o admirar,
nas estrelas que lhe servem de telhado!
Que pai eras?
Diziam-te puro,
alegre, batalhador ...
um pai extremoso,
dedicado,
um homem do povo ...
Vivo as tuas memórias,
deixadas no cofre das conversas roubadas aos teus filhos,
à tua mulher,
aos teus familiares,
aqueles que te guardam na memória.

Diz-me porque razão não te fizeram eterno?
Porque razão a injustiça te ceifou,
retirando-me o teu colo, 
as tuas carícias, o teu amor?

Feliz dia do pai ...
Que as palavras te cheguem ao paraíso!


João Salvador - 19/03/2016 (Dia do pai)

sexta-feira, 18 de março de 2016

Clausura



Dentro do casulo,
vive um homem morto.
Uma amostra do que foi outrora.
Quem é agora esse ser moribundo?
Vive enclausurado,
dentro da própria pele.
Agrilhoado à derme que lhe suga a alma!
Preso a um espaço exíguo,
onde as asas do destino não podem voar.


Haverá o dia, a hora ...
Sim chegará o momento,
em que se libertará ...


Nesse dia voará livre,
libertando os sentimentos,
que lhe afloram, agora!


João Salvador - 18/03/2016

Luz da escuridão



Quando te levantas, 
segues respirando o destino.
Segues um trilho que traças no momento.
Absorves a luz do dia, 
caminhas firme.

Sê a luz que ilumina as trevas.
Sê alguém que combate a escuridão,

matando os fantasmas do medo!
Alguém que não sendo recordado,
ilumina as ruas das mentes apagadas!



João Salvador - 18/03/2016

"Não te sintas mal se apenas se lembram de ti quando precisam. Sente-te privilegiado por seres a luz que lhes aflora à mente, quando jazem na escuridão!"

És quem és!



És quem és
És como és
És tu próprio
És um homem livre

Não vivas em vergonha de ser quem és.
És a pureza da criação
Um ser com defeitos
Um ser com qualidades
Um ser que ama
Um ser que chora
Um ser que vive
És tu ...


João Salvador - 18/03/2016

Que lobo alimentas?



Hoje medito se sou o lobo bom ou o mau. 
Tudo depende do que nos veste a alma no momento, 
das facadas que diariamente nos são espetadas nas costas; 
das falsas moralidades; 
das hipocrisias; 
das máscaras de anjos inexistentes; 
da humildade camuflada ...
A negatividade prolifera pela vastidão de um mundo corrupto ... sujo, 
um mundo onde o sol brilha timidamente perante uma cerca de névoa que procura furar. 
Não deverá haver resignação a toda a maldade humana, sejamos combativos. 
Que se cultive a alegria, a esperança, o amor, a esperança, a humildade pura, a bondade, empatia ... a verdade. 
Para vencer a batalha interior alimentemos o lobo bom e ganhemos a batalha da humanidade ...

João Salvador - 18/03/2016

Não te resignes ao deserto



Não te resignes ao comodismo. 
Apesar da travessia ser sufocante, 
árida, 
esgotante, 
desidratante, 
estonteante, 
extenuante, 
segue o teu caminho. 
Busca os teus objectivos,
com perseverança, 
resiliência, 
garra ...
Olharás depois da travessia, 
o deserto doloroso, 
com satisfação, 
quando finalmente usufruíres dos frutos,
 que colherás no oásis da vida batalhada!

João Salvador - 18/03/2016

Não sei se vale a pena!



Naquelas memórias longínquas, 
o sangue jorrava inteiro, 
despedaçado pela dor, 
pela perda de um amor,
que chorava copiosamente de saudade!
O coração jazia despedaçado, lamuriando, 
rogando o retorno das carícias trocadas subtilmente.
Mãos que se tocavam, 
corpos que se abraçavam,
beijos que se trocavam.
Que é feito desse amor? 
Ainda sobrevive? 
Vale a pena este doce sofrer? 
A razão aconselha, "não te despedaces para manter os outros inteiros" .
Não ouço a razão, 
vejo com o coração, 
vivo com a alma apaixonada ...
A vontade, tolda a mente, 
inunda a alma,
irrompe pelos sentidos, 
alarmando os sentimentos que se julgavam padecidos.
Valerá a pena despedaçar o coração,
para manter o outro inteiro?
O amor vale sempre a pena,
ainda que platónico!
De que me serve um corpo que não amo?
Que sentimentos dali tiraria, 
para além do abismo,
de um lançar no vazio?

João Salvador - 18/03/2016

segunda-feira, 7 de março de 2016

Como será o mundo ideal?

Como acha que será o mundo ideal?

Um mundo onde existe humanidade, 
ou um mundo de falsidade?


João Salvador - 07/03/2016

domingo, 6 de março de 2016

Não veja em cada obstáculo um problema irresolúvel



Não veja em cada obstáculo um problema irresolúvel - se existem soluções, seguramente que podem ser encontradas! 

Analise o que se lhe depara, estude, busque racionalmente por respostas viáveis de forma a poder contornar o obstáculo, por mais inviável que lhe possa parecer a solução - tente e se não conseguir tente novamente outra resposta a esse muro de betão que lhe obstruí o caminho. 
Não se esqueça que a água, contorna ou cinzela todos os obstáculos, tornado-os num leito apetecível, acariciando as margens dos problemas, transportando vida no seu âmago, desaguando num mar de oportunidades, que antes não pensavam existir.
Faça como a água, atinja os seus objectivos, contornando os problemas, solucionando-os, mantendo um pensamento positivo, uma vontade firme, atitude, ânimo e uma vontade hercúlea de vencer. 
Não se preocupe com a negatividade alheia, com os derrotistas, com aqueles que ao primeiro obstáculo baixam os braços. 


Não se queixe da vida, não se queixe dos dias, das noites, do trabalho, da arrogância alheia, da falta de atitude dos outros, dos amigos, da vida - seja o exemplo e viva, apreciando todos os minutos que lhe beijam a pele.
A esses, aos que desistem, ofereça a sua ajuda - isto se a quiserem, claro está! Caso contrário não se deixe contagia e siga em frente - para seu bem e daqueles com quem priva diariamente.
Manter uma postura firme, positiva e lutadora leva-o indubitavelmente ao caminho do sucesso e consequentemente à felicidade!



João Gomes Salvador - 06/03/2016

 


"O rio atinge os seus objectivos, porque aprendeu a contornar os obstáculos".

Lao-tsé

quinta-feira, 3 de março de 2016

Amo-te, como se pode amar


Amo-te, como se pode amar.
Desejo-te como se pode desejar.
Quero-te como se pode querer.
Mas amo-te mais,
desejo-te mais...
quero-te mais,
muito mais que qualquer outro homem. 

Que outro amará como eu te amo,
que outro vive respirando-te,
olhando-te, mesmo não te vendo?
Que outro vive sentindo o teu perfume,
mesmo que o não sinta presente?
Que outro vive imaginando-te?
Que outro vive sonhando-te? 

Para que outro és o templo sagrado,
para a qual rezo todas as noites? 
O tempo não me assusta, sou paciente,
aguardo ansiosamente o enlace dos corpos,
dos nossos templos sagrados, a fusão!

Acendo as velas do coração,
buscando nas profundezas desta alma rendida a ti,
a chama que alimenta este amor intemporal!

João Salvador - 01/03/2016

terça-feira, 1 de março de 2016

O amor gira hoje em torno da ilusão?



O amor gira hoje em torno da ilusão? 
Será o amor ilusão? 
Será perdição? 
Serão apenas momentos, enganos, tempos esquecidos?
Sabeis o que era outrora o amor? 
Eram verdades ditas com sentimento, com vontade, vividas, sentidas, arrancadas às profundezas das nossas almas.

Eram arrepios, intensificados pela troca de olhares, pelos toques subtis que o alimentavam.

Paixões que permaneciam.
Amores que o tempo não apagava!
Amores de perdição; loucura, um doce entorpecimento, um querer que ia além do corpo, um pairar no limbo de duas almas gémeas que partilhavam, se entrelaçavam ... se amavam verdadeiramente!
O amor, o que é hoje o amor?
É apenas uma ilusão dos sentidos daqueles que sentem, mas no fundo nada sentem. 

Acham que sabem o que o amor é, mas não sabem, julgo que não sabem, como eu talvez não saiba.
Vivem enganados, estão enganados, ludibriados pelos venenos de belezas armadilhadas, cujos corações são vazios, desprovidos do verdadeiro sentir. 

Amam a escultura, não o cinzel que a esculpiu, não a mão que o segurou, não o homem que lhe deu forma e beleza!

São indivíduos de espírito vencido, cujas plantas não regaram e cujas flores deixaram murchar.
O amor é algo maravilhoso, atingível apenas para aqueles que têm fé, para os de mente transparente, límpida, translucida, de coração puro, para aqueles que olham e sentem o desabrochar de uma pétala de rosa, perfumada, deixando-se inebriar pelo perfume que emana.
O amor é na sua essência tão simples, basta fechar os olhos e sentir. Deixar a natureza fazer o seu papel, libertar os seus mistérios, cujas mentes humanas não conseguem explorar! 


Sim, sentir quem verdadeiramente nos faz feliz, esteja aqui, ali, perto ou longe!

Divago, assimilando as palavras ditas, afinal sei ou não sei o que é hoje o amar?
Sei, mas não sei. Nem de mim sei ...
Afinal que sei eu do amor?
Talvez o saibamos quando o sentirmos pleno, sem rodeios sem conflitos, quando a nossa mente alcançar o nirvana, a paz, a harmonia, a fluidez pura e que julgo atingível, até ao tocar o verdadeiro sentido do amor ...




João Salvador - 01/02/2016