quinta-feira, 28 de julho de 2011

O teu corpo é um templo


O teu corpo é o meu templo
Deleito-me quando te vejo
Encarno o papel do pecado
Perco-me no teu olhar!

Num momento,
Em que penso em abraçar-te
Petrifico com a tua beleza
Não sou digno de ter-te

Mas no entanto,
avanço …
Hesito!
Vejo um corpo escultural
Toco-te …
que fantasia!
Mas no momento,
Dissipa-se … o pensamento!

João Salvador

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Seja um doido alegre


Seja um doido alegre,
espalhe alegria onde estiver.
O mundo dos homens anda triste.
Olhe e veja em seu redor.
Quantas tristezas, reclamações, desenganos, indiferença?
Os rostos das pessoas anda com semblantes carregados,
como se nada mais houvesse de bom sobre a terra.
Procura alegrar com a tua força interior; o teu sorriso, o ambiente em que te encontras.
Contagia o mundo com a tua alegria.
Oferece uma rosa a alguém especial,
verás uma luz a refletir-se no seu rosto, um sorriso iluminado!
Seja amigo, ou namorado, seja o teu ser iluminado.
Faz feliz e sê feliz!

João Salvador

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ínfimo instante - Um pensamento


Todos os dias o ser supremo a quem chama-mos Deus nos olha do seu púlpito.
Dá-nos um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes.
Esse ínfimo instante que muitas vezes atemoriza, perante o conforto do ter.
O medo da busca pela incerteza, do que há-de vir ...
A chama! Um hímen que clama pela chama do desejo,
O eterno pecado da mudança, um caminho para um doce abismo.
Um rumo desnorteado, mal calculado ... um caminho sem retorno.
Um pensar racional ou emocional, uma problemática do ser, do eu!
Uma ténue linha entre a cobardia ou a coragem do desejo e do sonho.
Um instante que é só meu ... um fardo pesado,
Onde não existe o TALVEZ,
O instante mágico é o momento em que um SIM ou um NÃO pode mudar toda a nossa vida.
Depois, nada será como era ...
Na certeza da mudança!

João Salvador

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O meu berço - minha terra



Num recôndito cantinho da pátria de camões, nestas terras lusas
Atrás dos montes agrestes, salpicados de sumptuosas oliveiras
Surgem no vale, os terrenos cultivados pelo suor do camponês
Na formosa aldeia de Sanfins, meu berço, minha criação
Ali, nasci eu, nessa ditosa e amada aldeia Nordestina
Ser inocente que percorreu aqueles vales, desde o raiar do Deus sol
Banhava a minha face com a sua luz, uma chama de esperança
Percorria alegremente os campos de cultivo, povoados de vida!
Polvilhados de uma imensidão de pureza, onde não entrava a maldade
Assim era a minha aldeia, um berço de gentes com faces de labuta … mas serenas!
Nos intermináveis episódios de memória, que guardo, sinto o cheiro das hortas frescas
Do suculento melão amadurecido pelo tempo, que colhia com prazer.
Aquele néctar dos deuses, com o qual me deleitava e saciava!
Tudo era pureza, apesar da rudeza das vidas das gentes do interior
As suas almas eram límpidas numa transparência que cegava
O tempo – carrasco, passou e não perdoou. A aldeia mudou … tudo mudou,
Foram gentes que se sumiram com o seu radioso sorriso, recheado de humildade!
As coisas não são agora tão clarividentes e puras aos olhos de um adulto.
Foram-no é certo, outrora aos olhos de uma criança órfã e pura
Criança … agora homem, que vê a crua realidade do agora!

João Salvador

terça-feira, 19 de julho de 2011

Perfeição Imperfeita - Ser mortal


Busco no eu, a imperfeição de um ser perfeito.
Busco, um elo de sabedoria e de pureza.
Algo que me guie no incompleto processo da criação.
Pois, tu deus és soberano ... mas imperfeito!
O homem à tua imagem, senhor!
Um pecador mortal ... perfeito, mas ...
Cheio de desejos de vida, de luxúria.
Alguém que busca o pecado pela carne!
Uma busca incessante do eterno feminino.
Afinal, o pecado, não é pecado ... ou será?
Sim a luxúria, mas não o desejo ...
Afinal ó deus sou um ser perfeito, ainda que imperfeito.
Sou a tua criação ...
Sou a tua obra,
Não a perfeição,
Mas a imperfeição?


João Salvador

Convite da Morte

Aproximei-me perigosamente de ti ...
Cai num vazio de paz, onde a luz se aproximou
O limbo onde me encontrei, foi momentâneo, mas forte
No entanto, não pensei, quase te abracei ...
Ó morte! Suavemente surgiste sorrateira e risonha
Convidas-me a acompanhar-te
Querias-me num mundo que desconheço
Dizes em voz jocosa, que morrer não é acabar é renascer
Vi-te no entanto, ladeada de almas suspensas nos céus
Almas que gritavam, voando rumo ao Inferno
Vinhas ornada de uma gadanha de ferro, frio e arrepiante
Vestias um manto negro a relampejar,
Emanas um odor intenso, cheiras a sofrimento e dor.
O teu olhar, ainda que apelativo é vazio
É desprovido de emoção, um olhar medonho
No entanto, resisti aos teus encantos, tenho medo ...
Resisti a um cruel mas doce destino
Impuseste um pensar que me engana,
Quase me fez esquecer de viver
Uma morte que me envolve,
Rouba-me a serenidade
O repouso alicia, mas não o quero
Preciso de alimentar a alma de vida
Serás tu, ó morte, o fim?
Talvez, mas não a finalidade da vida
Não perdi o entusiasmo de viver, por isso vivo
Afasta-te de mim ó sombra tenebrosa ...
A vida é algo que persigo ... o olhar da mulher amada
O carinho da prol, o sorriso das gentes
Os sonhos, urgem num turbilhão, quero vivê-los
Pois morrerei certamente, mas não a teu convite

João Salvador

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Inspiração


Dias cinzentos e tristonhos,
Cuja inspiração não surge, nem mesmo em sonhos.
Refugio-me no interior da mente, procuro memórias
Incessantemente busco a inspiração, procuro a glória.

Questiono o poeta luso das suas aventuras
Rebusco na história as suas desventuras
Procuro compreender a incomprensão do poeta
Grito, choro, enlouqueço! Não consigo alcançar o horizonte

Obscuridade, escuridão, trevas que me envolvem
Não se vislumbra na minha mente a desejada inspiração
Sentimento amargo este! Sensação de impotência ...
Não desisto! Caminho, olho a lua, o mar ... o luar

Uma busca que não acaba
Ela há-de chegar ... embalada num soneto de ilusão, de paixão
Deixo o que me rodeia, penetrar em mim ... no meu âmago!
Inspiração desejada, surgirás pois! Preciso de ti.

João Salvador

sábado, 16 de julho de 2011

Cigana



Buscava nesse dia um sorriso teu, minha cigana, minha chama
Vagueava pelo prado, resplandecente de vida - ocultando os sentimentos.
Num prado, cujas flores eram procuradas pelas abelhas, que voavam atarefadas
Queriam o néctar das flores, polinizando-as, fecundando-as

Assim quero eu provar o teu néctar, polinizar a tua virtude, ser teu!
Na minha busca, caminhei altivo e esperançoso, olhando sem ver, ainda que vendo
Alcançar o teu amor, é algo que alimenta a minha existência, a alma
Pois, se assim não fosse seria apenas um ser vazio, inócuo, seria nada

Seria um homem oco, sem substância, um ser insano … profano
Mesmo que não me queiras, alimentarei essa ilusão
Na certeza, de que mesmo sendo uma mera alucinação
Me darás o teu sorriso que emana dos teus lábios cristalinos

Não penso, mas penso, que não me queres, mas que me queres
Que dilema! Tu própria nas tuas dúbias incertezas de vida, que almejas?
Sim! Que almejas mulher? Queres amar-me cigana?
Ou queres perder-te num vazio de sentimentos?

Minha cigana, estou aqui! Estive sempre aqui, tu sabes.
Procura no interior dos teus sentimentos, num cantinho de luz
Ver-me-ás ali encolhido, expectante, aguardando-te, pois …
Serei teu se assim o quiseres …

João Salvador

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Afinal, quem sou eu?

Existem dias que me questiono, dias eternos que não cessam.
Busco nas minhas memórias rebuscadas a solução,
Uma resposta que não chega, apenas a incerteza e a solidão!
Passo dias em busca de acalentar o encontro, de mim próprio.

Não sei quem sou, mas será importante?
Porquê, perder tempo a buscar a resposta para algo que não surge …
Quando urge, viver estes míseros minutos da nossa existência, sem prudência
Para quê, buscar respostas onde elas não existem … ou existindo, desprezo-as!

No fundo, sei o que procuro e … acho que vejo a resposta, a qual temo.
Mas procuro confundir a minha própria mente … dormente e sonhadora,
Adormecida, para não acordar, para uma resposta que afinal, prevejo,
Revejo-me noutra realidade … sou de um mundo por nascer … inexistente!
Quero esquecer quem sou, apenas sonhar e amar ...
Quero ser o vento, voar sem rumo ou direcção, sentir-me livre.
Polinizar as flores perfumadas que me cercam e procuro cativar,
Enfim … quero alimentar os momentos que passam altivos e viver …VIVER!!!

João Salvador

A minha Infância


Hoje acordei saudosista, algo me percorre o pensamento … o meu passado,
Sonhei com a minha infância, com tempos que não voltam,
Lembrei-me da minha mãe, que me alimentou e me criou,
Do tempo em que brincava nos campos, sem preocupação de vida,

Tempos áureos e duros é certo! Tempos que não esqueço, era feliz!
Era uma criança não abastada, pobre, mas preenchida de vida; de luz; de amor,
Foram tempos sublimes! Olhava a minha mãe, da sua face brotava um sorriso,
Um sorrido cristalino que me enchia o coração,

Nada mais necessitava, nem de pão nem de bens supérfluos que de nada me serviam,
Queria apenas o sorriso da minha mãe, o seu carinho ….
Existia amor e eu vivia num mundo colorido que era só meu.

Onde está esse amor agora? Vivo num mundo decadente e podre!
Vivo num mundo que não conheço, bolorento e sem sonhos,
Num mundo sem fulgência, rodeado pelas trevas, onde o amor pelo próximo se esfumou,

Vejo apenas a escuridão. Onde estão os sentimentos? Onde está o amor?
Já não vejo, o brilho da minha mãe, do seu amor, do seu carinho. Perdi-te!
Ai que saudades do meu tempo de criança, onde o mundo era colorido e belo!

João Salvador

És o meu Sol



Brilhas lá no alto, num mundo que é só teu, és o meu sol,
Procuro alcançar-te, mas apenas sinto o teu ténue calor, que me foge sem saber,
A tua luz irradia uma beleza, indecifrável mas tão tua,
Embate no meu corpo numa mistura de calor e luz, que penetra em mim,


Desejava mais, mas não posso … contento-me com o que me dás, com o que posso ter,
Sei que tenho metas definidas, obstáculos que não trasponho.
Não tenho a ilusão de alcançar o teu mundo, sentir o clímax do pecado,
Assim, apenas sonho com um mundo inalcançável, mas ainda assim nosso!


Brilhas lá no alto, sumptuosa e harmoniosa, subjugando em teu redor todos os seres,
Seres que te desejam, que te veneram e que sorvem de ti a vida.
Alimentam-se do teu calor e veem da tua luz!


És única no universo alguém a quem chamo “omeu sol”,
Aquela que alimenta a minha existência, apesar de saber quem és,
Não te posso ter é certo, mas posso alimentar o sonho, ali és minha …

João Salvador 15/07/2011

Encontros


Abeirei-me de ti, expectante mas maravilhado com a tua luz.
Senti um baque, uma enorme atração, que quase não controlei.
O meu corpo tremeu de desejo, esperando um sinal teu.

Esse sinal não chegou, ou tendo chegado, temi ter sonhado ou ser repudiado!
Perdi-me nos teus olhos, em pensamentos de pecado.
Naveguei por um mundo e por um turbilhão de paixão.

O tempo passou descontrolado, descompassado e belo!
O Chilrear dos pássaros, passaram em surdina, não apreciados.
As árvores belas, eram apenas meros espectadores, do momento.
Nada ofuscava a minha atenção, centrada em ti.

Senti a tua pele perfumada, cujo aroma absorvi sofregamente.
Sensações de prazer, rebuscaram-me e eletrizaram-me.
Pequenos gestos, pequenos contactos que se tornaram grandiosos.
Momentos de sonho, que terminaram num semi-beijo roubado, que guardo.


João Salvador

Loucura



Procuro o teu corpo ardente, quente … fico louco,
Quase padeço de dor ... de vontade, não me controlo.
Perco-me em pensamentos, que não devia ter, mas que não afasto.
Não consigo deixar de sentir, cada vez que te olho, imploro … olhas e não vês!
Os meus pensamentos, tornam-se um turbilhão de paixão
Quero possuir-te, tu sabes que sim, não to digo, pois enlouqueço.
O teu corpo, torneado deixa-me louco de ardor …
Um calor infernal, apodera-se do meu corpo, perco-me em ti.
Tu, atormentas-me o pensamento, és um encantamento que não passa.
Ter-te, seria o realizar de um pecado, a satisfação de um desejo.
Sei que esse pecado te cativa, apesar de altiva, olhas-me com olhos de gula!
Ter-me-ás, se o quiseres, pois assim o desejas.
Quero sentir o teu corpo, fundir-se no meu …
O meu no teu, numa paixão desenfreada, que não acaba …
Uma fusão, uma paixão, uma ilusão ….
A fusão de dois corpos que se querem.

João Salvador

Procuro a sabedoria nos Deuses



Sou um simples mortal que aspira alcançar a felicidade,
Recorri incansavelmente aos deuses,
Procurei o favor de Atena, deusa da sabedoria, da justiça e das batalhas
Procurei nesta deusa, nascida das têmporas de Zeus a beleza do meu ser;
Procurei a sabedoria,
Abandonas-me Atena, ser tão gracioso mas hipócrita,
Mesmo assim alcanço o Olimpo,
Procuro na penumbra dos tempos, a explicação para a minha existência.
Rendido á minha sorte, deleito-me com as sevícias de Baco ...
Navego no seu harém de vícios pecaminosos,
Perco-me em prazeres carnais, prazeres sem sentimento enfraquecidos de amor,
Embriago-me no vinho celestial,
Procuro enganar a minha alma, enveneno-a …
Sinto-me abandonado pelos Deuses, seres injustos e malévolos,
Deambulo perdido pelo Olimpo,
Tento encontrar a sabedoria que me foi negada que Atena me recusou ...
Procuro no caos da minha mente, e deparo-me com Tifão e revejo-me nele,
Toco com a cabeça perdida o céu, estendo os braços ...
Subjugo o mundo à minha vontade,
Numa demonstração pérfida de poder, para justificar o meu ser; a minha frustração,
Fui gerado por Gaia, para subjugar Zeus e alcançar a sua glória,
Vi-me numa luta titânica e inglória, votada ao fracasso,
Afinal o monstro era eu, entrei num pesadelo do qual quero acordar ...
Era Tifão, um ser abominável e desprezível.
Um ser repugnante, com os meus dedos de dragão; ser alado e cintura coberta de víboras
Apelei a Zeus que me desse sabedoria,
Encontrava-me numa luta que não poderia ganhar,
Fui repudiado e abandonado á minha sorte,
Nem a grandiosidade dos Deuses me salvou, apenas Baco me acudiu,
Não sou um deus, apesar de o ter almejado,
Caminho por uma terra sem sonhos sem futuro,
Onde o verde se tornou cinzento,
Onde a escuridão envolveu as almas dos humanos, que caminham sem ver …
Mas não desisto, hei-de encontrar a sabedoria, hei-de ver a luz … um sinal
Irei encontrar a explicação para a minha própria existência,
Sei que não sou um deus, apesar de ter procurado os seus favores,
Sou apenas um simples humano que vive e sonha …

João Salvador

Momentos



Era um dia como tantos outros ...um momento,
Um dia sem inspiração, apenas desilusão
Caminhei sem rumo, sem sentido
Procurei um caminho, uma luz um horizonte ...
Olhei para o infinito, à procura de algo,
Algo que alimentasse a minha alma,
Que me desse razão de viver,
Afinal que procurava eu?
Não sei! Mesmo assim continuei a olhar vagamente …
Sem ver! Com a visão turva numa neblina torpe ...
Procurando eternamente um sentido para um novo dia,
Para a vida,
Tropecei então nos meus pensamentos, encontrei, olhei e vi-te … ali estavas tu!
Mulher esbelta, com um sorriso rasgado que me encheu de alegria!
Sim, ali estavas tu, especada no meu rumo de vida, com o cabelo negro a esvoaçar ao vento,
Cabelo perfumado e belo que não me atrevo a tocar,
Olhos negros, olhar fixo, que me arrepiam e me fazem sonhar.
Mas afinal não passou de um efémero momento de devaneio,
De ilusão, numa brusquidão de um momento de delírio
Delírio da minha mente, do meu inconsciente, agridoce … mas só meu,
Mas mesmo assim, um momento em que fui feliz … e sonhei!


João Salvador

Para onde caminhas Portugal?


Fossem os de hoje como os de ontem.
Eram grandiosos e valorosos.
Foram navegadores, guerreiros e lutadores.
Fossem como essa gente lusitana de outrora.
Seguramente esta ditosa pátria seria bem melhor!
Não sangrarias, dilacerada pelas feridas que te abriram!
Tanto sangue derramado em sangrentas batalhas,
Tantas lutas pela pátria; tanto suor.
Tanto trabalho e privações que passaram.
Ver-te agora a afundar na arrogância de quem não te respeita.
Tens uma história tão rica, que muitos alegam sua para seu próprio proveito.
Nada fazem por ti, deixam-te morrer; sangrar; padecer.
Valores que se perderam, vontades que se desvaneceram.
Arrogância que se instalou e onde o egocêntrico predomina.
Para onde caminhas Portugal?
Para onde te transportam os teus filhos.
Já não respeitam a terra que lhes deu tudo.
A identidade; o ser; o calor; o amor e o pão.
Para onde te conduzem os teus filhos?
Vais a caminho do abismo...
Que destino agonizante te destina?
Para onde caminhas Portugal?


João Salvador

Silêncio


Hoje apetece-me o silêncio das casas assombradas por fantasmas do passado.
Fantasmas que me perseguem e me assombram num tormento que não temo.
Casas assombradas e manchadas, com sangue que escorre nas janelas da vida...
Sangue, sangue que jorra das feridas abertas por ti ...
Como bocas escancaradas...

Feridas dilaceradas pelo tempo, que sangram sem cessar ...
Que nem a renuncia ao amor conseguiu curar.
Tal tormento procuro apaziguar, através das sombras da noite,
Noite. Pavor. Esquecimento. Silêncio... gritos amordaçados que calam a noite,
Mas não apagam a dor ...

(Poema adaptado)

Renúncia


O passado é importante para entender o presente,
Mas não o suficiente para comprometer o futuro!
O passado deve ser isso mesmo, passado.
A renúncia faz parte da vida,
O caminho faz-se caminhando, olhando para o presente e almejando o futuro.

Tira o que de bom tiveste no passado, ainda que tenhas feridas marcadas,
Caminha altivo em direção a um novo rumo e quiçá à felicidade...
Agarra o que tens e aproveita as pequenas coisas da vida,
Uma boa conversa com os amigos; o amor da família; o carinho de um filho ...

Mas, acima de tudo, peca e vive a vida!
Evita a tristeza, e mentaliza-te que a renúncia pode doer,
Mas muitas vezes é essa a maior prova de amor.

Caminha em frente, não olhes para trás,
Caminha em direção a um horizonte de luz e de felicidade,
Passado é passado, e muitas vezes é assim que deve permanecer.
Escondido no limbo do pensamento...


João Salvador - 15/07/2011

Devaneios de desejo


Procuro na noite a clarividência da lua, na tua luz,
Procuro uma réstia de esperança no teu olhar,
Almejo, encontrar-me em ti,
Busco respostas que não me dás,
Não vês que te quero, que respiro de desejo?

Alimento-me do teu perfume, da visão do teu corpo,
Vivo do som da tua voz doce e inconfundível,
Numa melancólica, monocórdica voz, que me enlouquece.

A tua aura percorre todo o teu corpo,
Corpo que irradia paixão e me alimenta o desejo,
Enfeitiças-me, aprisionas os meus sentimentos,
Sinto-me perdido, um ardor, uma paixão que não controlo!

Persegues-me constantemente nos pensamentos,
Uma lembrança sumptuosa, deliciosa, mas ao mesmo tempo dolorosa,
Uma dor que se arrasta, que quero curar,
Apenas o teu corpo como remédio será a solução.

Falamos por entre palavras que não concluímos,
Perdemos minutos na vida, que são preciosos,
Queria viver intensamente esta paixão, sem ilusão,
Concretizar os teus desejos e os meus, numa união,
Sentir o teu calor a percorrer o meu corpo. Arrepio-me!

Quero concretizar o que desejo,
Antes que a morte apareça arrebatadora e impiedosa.
Mas ainda assim, sonho …. porque te desejo.


João Salvador

Saudade


Pudesse eu respirar o teu ar, afagar a saudade,
Olhar para ti sem quebrar o elo,
Absorver toda a tua essência,
Todo o teu calor,
Olhar-te, admirar-te e abraçar-te sem descanso
Quero-te e não te tenho junto a mim,
Sofro da tua ausência, apesar de estares tão perto
A tua imagem persegue-me nos pensamentos,

Desejo a chegada de um novo dia para te ter,
Percorrer-te com ansia e ardor, ter-se e amar-te sem pudor
Porque tenho saudades daqueles longínquos dias em que te tive nos meus braços
Resta-me …. reviver-te no pensar!


João Salvador

Réstia de vida


Procuro em mim um sinal da tua presença,
Procuro reviver na memória o aroma do teu corpo,
Um suspiro, um sorriso; um gesto, algo que me alimente.
É uma procura, incessante e tresloucada, de algo que já não tenho!

Não alcanço esse sinal,
Desespero; angústia e medo, 
Uma tristeza agonizante e intensa,
Caiu-me uma lágrima que me banha a face.

Sinto que te perdi … no entanto acho que nunca te tive,
Não importa, sabes que preenchias em mim aquilo que agora não tenho,
A tua luz irradiava em mim um sorriso; uma quietude; uma paz …
Eras a minha réstia de vida, o meu alento … eras minha. Perdi-te!


João Salvador

Não sei o que sinto


Não sei o que sinto, estou confuso.
Olho para as tuas fotos,
Penso, mulher que me completa,
Que tenho em sonhos,
Que afinal amo, através das brumas da vida,
Desde aqueles tempos já longínquos na memória,
Tempos idos que foram ontem.


A tua beleza não desvanece,
Permanece no meu peito, o sentimento …
És parte de mim, sempre foste!
Sabes disso, não sabes?
Desde sempre o soubeste, no teu coração.


Esquecer-te não o almejo, o que sinto é doce!
É algo que fica, e me alimenta,
Qual carvão para uma fornalha.
Serás sempre minha …


João Salvador

O teu quadro é vida

Vi uma fronteira onde os sonhos se quebram e se desfazem,Oculto nos teus quadros uma mensagem de vida
Vejo neles um misto de tristeza e de dor,
Um tom de santidade e de pecado … que não alcançamos.
Uma janela de seriedade e de realidade.



Qual vidro estilhaçado de pensamentos e devaneios.
O misticismo dos teus olhos negros … profundos,
Dos teus cabelos esvoaçantes, que não esqueço,
Qual serpentes, que me escapam entre os dedos.


Olhos que me rasgam a alma, me trespassam e me amam.
Não o dizes, mas sentes … como o disseste no calor do verão.
Um amor e um desejo que não aconteceu, apenas se sentiu.
O medo, apresentado pela comodidade assim o ditou.



Duas almas separadas, de sentimentos iguais ….
Mas que a realidade tratou de separar … o que nunca uniu.
Apenas uma troca de palavras e de imagens, através de artifícios virtuais.
Seremos sempre, duas almas; duas vidas; duas pessoas … eu e tu!


João Salvador

A minha herança, meu filho



Foste gerado com amor.
Germinas-te, num lugar onde reinava a paz, a quietude.
Um período de alegria, tamanha felicidade.
És o fruto do amor, da paixão … do desejo carnal,
Foste a decisão de um Deus, que te deu a vida.
Nasces-te! Pequeno ser iluminado, rasgo da minha alegria.
Dei-te colo e carinho,
Meu filho … minha luz!
Afastas-te as trevas de mim,
És resultado de uma chama irracional … mas maravilhosa!
Deste-me alento; esperança; força; determinação …
Mas, ao mesmo tempo responsabilidade.
Não tenho teorias para te criar,
Olho ao espelho …
Serás uma imagem do eu?
Não, serás sempre tu … o meu filho!
Perco horas a admirar o teu sorriso, inocente …
Nascido para um mundo cruel, que não conheces!
Protegido numa redoma de amor, ladeado de dois seres,
Teus anjos protetores, tua mãe e teu pai …
O teu colo, o teu conforto … amo-te meu filho!


João Salvador

Sonhos

Mergulho num sonho profundo
Num pensar vagabundo ... moribundo
Navego no meio do meu pensar
Deitado numa canoa de sentimentos, de pesar


Navego ao sabor das ondas, sem rumo ... perdido
Sinto a brisa do mar e vejo as caravelas passar
São fantasmas do passado, que não esqueço
Um pensamento ... ensandeço!


É um tormento que não passa
Que me abraça e entrelaça ... não me larga
Como uma onda que rodopia e me envolve


É uma onda que me afoga, que extingue a minha luz
Que me enrola, numa rede de sufoco, sinto-me definhar
Quero acordar ...



João Salvador