A poesia é um bálsamo para a alma. Neste cantinho eu navego por um mundo que construi e que me transmite paz. É para mim um refúgio onde o imaginário e o gosto pelas palavras me inundam e me fazem sonhar. Quem não precisa de sonhar, num mundo cada vez mais cinzento? Sejam bem-vindos! Visite ainda o meu blog: http://joaogomesalvador.blogspot.pt/
sábado, 28 de maio de 2016
A primavera
Momentos de paz,
Lapsos de meditação
Acalmia nas águas turbulentas da vida!
Sons de uma natureza inspiradora,
Desejos de serenidade realizados,
Emanar de encantos perfumados,
O céu, as flores, os arbustos, as árvores,
cenário bucólico, analgésico para a alma ...
A primavera permanece,
mas eu não, e com isso fico contente,
pois, a primavera floresce mesmo sem mim ...
João Salvador - 28/05/2016
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E que bem o define Fernando Pessoa neste poema:
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”
Fernando Pessoa e seus heterônimos
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