domingo, 27 de julho de 2014

Quadro abandonado



O rosto da inocência perdida
Vive reflectida nos gestos subtis
Espelhada num quadro abandonado
Cuja moldura aprisionou sonhos do passado

A coragem enche o peito
Abandona a prisão do teu próprio medo
Decora o quadro cuja pintura és tu
Deixa para trás rosas ornadas de espinhos doentes

A figura esbelta obriga os céus a renderem-se
Veneram agora o encanto de uma mulher
Alguém que busca e luta pelo concretizar do sonho

Enterras o medo e a inocência, segues digna
Imparável pelos trilhos da vida que não tiveste
Lutas agora por amá-lo, exigindo-o para ti!



João Salvador – 27/07/2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Alma do amor


O amor tem muitas formas
É mudo, perseguido pelo pulsar do coração;
Pode estar acorrentado, a pesadas correntes, mas liberta-se;
Mesmo sufocado, sente-se;
Ainda que escondido, vê-se;

Não é a forma de amar que define o poeta,
Mas a forma como o expressa (ou não).
Vive-o calado!
Um amor proibido, que lhe habita nas entranhas da alma!
Um sentimento docemente doloroso, que fala por si.

Fala nos pensamentos …
Fala nos sonhos,
Extrai-lhe sorrisos nas lembranças vividas
Nas palavras trocadas
Nas ilusões sonhadas

O amor pode ser mudo
Mas não deixa de ser belo …
O mundo pode impedir de amar
Mas não de sonhar!
Olha nos olhos e sonha também …

João Gomes Salvador, 25/07/2014

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Insatisfação

Chego à conclusão que o homem nunca estará satisfeito com aquilo que a vida o brinda. 
Não lhe basta ter saúde; não lhe basta sentir o prazer de acordar; sentir o sol a chuva; não lhe basta ser feliz ... busca sempre mais, mas afinal porque nunca se alegra com o muito ou pouco que possui?


João Salvador - 13/07/2014

domingo, 6 de julho de 2014

Corpo nu


A primavera nasce perfumada pelo aroma libertado pelo corpo nu de uma mulher deusa, orvalhado por gotículas de sedução!
O vento sopra na sua existência irregular, esvoaçando os seus cabelos sedosos, realçando a beleza dos ombros, tocando levemente o pescoço e os seios enrijecidos pela loucura!
A sua silhueta nua, é reveladora de um corpo com efeitos afrodisíacos, libertadora de desejos incontroláveis cuja paixão se torna explosiva.

E tu, bem tu … meneias as ancas, caminhando subtilmente agarrando a gaiola onde aprisionas os sentimentos dos homens por ti conquistados.
Abres apenas a porta aos pássaros esvoaçantes que te veneram, no entanto estes não desejam liberdade, apenas pretendem perde-se no teu cálice, beber da tua vontade pecaminosa.
Maliciosa, exibes os dotes de um corpo cinzelado pelos deuses até à perfeição.
Gesticulas lentamente com os teus membros, fazendo um convite apelativo ao tesão que cresce descontrolado.
Acaricias delicadamente o corpo, fazendo deslizar os dedos de veludo até ao sexo transpirado, ao mesmo tempo que olhas provocadora para os escravos, escolhendo entre eles o felizardo que há-de beber da tua fonte e matar a tua sede de loucura ensandecida!
Qual será a ave libertada por ti que irá amar-te até à exaustão, saciando os seus caprichos, matando a gula do seu tesão?


João Salvador – 06/07/2014