sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Pinto o meu mundo


Pinto o meu mundo como belo
Dou-lhe pinceladas de cor
Curo-lhe as feridas que gritam
Apago os cinzentos da dor

Mergulho no azul do oceano
Extraindo-lhe todo o encanto
Enquadro-o numa tela
Rodeio-o à luz da vela
Com toda a delicadeza
Procuro a sua beleza

Busco no deserto das gentes
O sentimento acabado
Procuro nele uma réstia de amor
Para revigorar numa flor

Corro incansavelmente. Entro numa floresta de vida
Procuro a sua mestria, na magia que emana
Respiro com fulgência o seu aroma
Sinto-me livre e vivo para viver
Neste planeta de amor

Este é o meu mundo
É aqui que eu vivo
E dele eu faço parte
Foi aqui que eu cresci
E até agora vivi!

Este é o meu mundo
Belo e gracioso
Maltratado pelas gentes
Tantas vezes inconscientes!


João Salvador – 01/11/2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Natal na minha aldeia



Regressei à tradição, ao Natal que tanto queria.
Regressei à minha terra, numa noite muito fria
Regressei à consoada, a umas mesas recheadas
Nesse banquete faustoso, tinha filhós e rabanadas

Com o azeite cristalino, regava a refeição.
Comia Polvo e batatas; couves e nabo cozido,
Não faltava o bacalhau e todas as iguarias,
Na companhia da família, em parlatório animado.

Logo passavam as horas, numa felicidade plena,
não é engano nem tema, era mesmo alegria,
na pureza de amor, de uma família querida!

Neste quadro transmontano, na minha terra Sanfins,
no quadro que emoldurei e para sempre guardei,
nesse quadro; nessa rua, no local onde cresci.

Tinha sentido o Natal, não tinha futilidades.
Nos brinquedos que fabricava,
Nos sentimentos que buscava
Na amizade que alcançava!

Era assim o meu Natal, tão belo!
Um Natal de amor, de sorrisos e de verdade!
Tenho saudades, dos Natais que ali vivi!


João Salvador – 13/12/2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Descobri



Descobri que o amor esteve sempre aqui
Descobri que nunca fugiu de ti
Descobri que sofres-te e que choras-te
Descobri que sempre me amas-te!

Belos momentos promissores e ilusórios
Passados debaixo de uma ténue teia de palavras
Locuções belas, sentidas; marcadas e ansiadas
Saborosas, mas amargas que azedaram como fel

Um tempo de adolescência sonhadora, mas adulta,
Regredida pelo tempo, banhado por lembranças.
Esperança de um amor eterno e de uma vida …

Sumida nas vidas perdidas,
Nas vidas crescidas,
Nas dores sofridas!


João Salvador – 15/09/2010


sábado, 10 de dezembro de 2011

Felicidade? (Acróstico)



F elicidade, terás que ter
E mbalada no teu amanhecer
L ágrimas que derramas
I ndignas e me enganas
C ompreendia o teu querer
I ndecente instrumento que usas
D antes que buscavas?
A mor e felicidade
D or ou realidade?
E nfim … dou-te a verdade!


João Salvador - 06/06/2011








domingo, 4 de dezembro de 2011

Anjo do tormento



Foi nas tuas asas de anjo que o poeta se perdeu
Nos teus braços longe daqui, ele endoideceu
A tua auréola ofuscou-lhe os sentidos, entorpeceu-o
Enviou-o para um longínquo amor inalcançável


Anjo que lhe iluminou a tristeza, por momentos
Rápidos que passaram, mas acalorados e sentidos
Sonhos perdidos, recuperados por ínfimos instantes
Sonhados, sentidos e aproveitados até à exaustão

Anjo alado do tormento, que apaziguou o sofrimento
Não evitaram as lágrimas que escorreram da tua face
Lágrimas corrosivas que te apagaram a alma e te sugou a vida


De todos os sentimentos que alimentou o teu anjo
Guardas aquele miserável instante de prazer numa fantasia perdida
Um sonho dolorido, atormentado, golpeante mas desejado …



João Salvador – 01/12/2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ver-te chorar


Estás triste meu filho.
Choras inconsolavelmente
A realização do sonho que não o foi
A meta que não alcanças-te
A primeira amargura da vida …
Uma aflição, um aperto


A tristeza em ti mata o meu coração
Ver-te triste, uma ilusão que caiu
É uma dor que partilho … que me flagela
Que me sangra em jorros de angústia


És um fruto em formação …
Ao sabor da desilusão,
Uma realidade nua e crua!
Impiedosa ….


Ainda que criança,
Não te esqueças
Que, existe a esperança
De uma vida …
Uma herança!



João Salvador – 06/09/2011

Nota: Poema dedicado ao meu filho Rafael Salvador. Que a vida lhe sorria sempre, na esperança que os valores que lhe transmiti o façam um homem bom, com valores!

Pintura intitulada O menino que chora.
A título de curiosidade, refira-se que a autoria da pintura é atribuída a um artista chamado Bragolin e faz parte de uma colecção de 28 peças sempre com o mesmo motivo: crianças a chorar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Escrevo e sinto


Escrevo prosa ou poesia
Faço rimas que purifico
Conteúdo que me toca,
Que mais me importa?

Deslizo pela minha mente
Efervescente de vida
Latejante na procura
De aventura … na loucura!

Escrevo …
Quero expressar
Melodiosas palavras que verto,
Do meu pensamento

Extravaso-as
Lanço-as
Grito-as
Dito-as,

Escrevo ...
os sentimentos!


João Salvador - 20/10/2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Descrevo-te numa flor



Procuro descrever-te numa flor
Esquadrinho e observo o teu corpo
O teu regaço …
Observo a tua beleza, o teu íntimo ser


És um lírio branco purificador da minha alma
Um anjo alado que me enfeitiça e que cobiço
Voando num prado de céu que flutua ao vento


És a margarida … reinante num núcleo de sol e luz
Serás essa inocente e doce flor que me prende
Que dança um tango numa inocência infantil perdida
Ornada pelas tuas pétalas que irradiam de amor!


És a minha tulipa perfumada; amada e desejada
Espalhada por um manto, ornando os campos
Um cobertor de cores fulgentes e translúcidas


Podes ser qualquer flor, pela tua beleza … dada pela natureza!
Sejas tu uma violeta, num tom de primavera ou um símbolo de fertilidade.
Sejas até uma orquídea rara que representa a liberdade do amar.


Sê a flor que querias ser,
Busca sempre o teu querer
Radiosa; imponente e só minha!
Serás sempre a flor … a minha flor
Aquela que aplacará a minha dor … de amor!


João Salvador – 17/09/2011

Frases soltas (1)



- Nunca valorizes aquilo que não é valorizável.

- Na falta de argumentos o ignorante derrotado, refugia-se em delações infundadas, para justificar o seu próprio insucesso.

- A satisfação plena é uma busca inalcançável, pois o ser humano é insaciável.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dúvida


A dúvida em ti reside
Impregnada na mente
Irrigando o pensamento
No limbo do esquecimento


São insónias, que abalam
São pesadelos que se calam
São sonhos ardentes
São delírios quentes …
Que acompanham o suplício
Numa noite sofrida de dúvida


Mas esta depressa se esfuma
Voando ao sabor da bruma
Sem direito e sem tino
Quão duro é o destino!


João Salvador – 10/10/2011

domingo, 13 de novembro de 2011

Amor desejado



Perdi-me nos teus lábios
No contacto da tua pele
Naveguei no teu olhar
Senti o amor transbordar

Um arrebatamento de dor
Um aperto almejado
Um sofrimento adocicado
Há tanto tempo esperado

Aspirei o teu perfume
E toda a tua virtude
Fiz de ti, algo de mim

Um sentimento que é belo
Cantado em harmonia
Derramado em poesia


João Salvador – 12/11/2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Arte da vida

Apago-te a dor
Num movimento de arte
Com um pincel delicado
No quadro que fazes parte

Cores vivas que cativam
Amores e dissabores que cultivam
Vidas jubilosas que sublimam
Sobre tudo isso eu pinto

Sem rumo e sem razão
Numa clara alusão
Ao quadro do teu destino


João Salvador – 01/11/2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Universo do querer


Tudo se perde no universo do querer
Num mundo vasto, de poder e não ter
Numa bastidão interminável,
Quiçá inalcançável … num sofrer!

Mas ainda assim,
Num querer sentido e desejado
Ainda que eternamente aguardado
Mas sempre esperançado
No ressurgir dum novo amanhã!


João Salvador – 30/10/2011

sábado, 5 de novembro de 2011

São Palavras

São palavras ...
simples palavras.
Sentidas é certo!
Mas ainda assim, meras palavras.

O ciclo completa-se,
O cerco aperta-se,
O sentimento aflora

O impulso é forte
O desejo grita
Palavras já não bastam

O corpo exige ...
O calar dos teus lábios
Quentes e molhados
O sabor da tua boca
O contacto puro
O amor divino!


João Salvador - 21/10/2011






terça-feira, 1 de novembro de 2011

Tens uma vida


Tens uma vida. A vida que escolhes-te!
Tens sentimentos que acalentas-te
Não és um ser empedrado, isento de vida
Não és um ser inanimado

Não és uma boneca sem vida
Nem tão pouco uma lágrima vertida
Não és minha, nem és tua
Nem sequer és de ti própria
Estás refém dos sentimentos
Pelos quais nunca lutas-te

Estás presa a uma existência inexistente
Agarrada a promessas verdadeiras … mas vãs
Eventuais promessas fruto de devaneios

Vês-te, num eterno combate titânico
Onde a razão e o coração esgrimem armas
São alimentos ilusórios da nossa mente

Refletidos num coração recheado de sentimento
Num esperar eterno do amor que tiveste
Mas quando acordas-te havia-lo perdido
Na desumana realidade do viver …


João Salvador – 16/09/2010

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Partiste meu amigo


Chora o céu
Gotejando lágrimas sofridas
Saraivadas ventosas de saudade
Tormentos na vida que deixas-te

Partiste meu amigo
Num final tormentoso
Na doença batalhada
Mas que te venceu

Não verto lágrimas
Pois lágrimas não tenho
As amarguras secaram o choro
A vida calejou o meu sofrer

A dor da amizade
O tempo nunca irá curar
Descansa meu irmão
Amigo do coração!


João Salvador – 26/10/2011

(Poema dedicado a um amigo, a um homem bom, com sentimentos puros e que foi vencido por uma doença do foro oncológico)

domingo, 23 de outubro de 2011

Verdadeiro amigo


Amigo não dizes palavra
Nos teus olhos vejo mágoa
Na tua voz inquietação
Uma dor no coração!

Uma apreensão desnudada
Na vida nunca descorada
Nos projectos traídos
Nos teus sonhos sofridos

Por ti sinto dor …
Sofro, num castigo partilhado
No caminho por ti trilhado
Vagueias pelo pensamento
Perdido qual ser demente
Em compromissos da mente
Na palavra dada que não teve volta

Certo é porém,
Que apesar do desdém
Dos amigos do interesse
Me terás como amigo!

Na vida, nos momentos em que tropeças
Na miséria da desonestidade
Nos amigos da falsidade
Na hipocrisia que te ladeia
No abutre que te rodeia

A mais pura amizade prevalece
Nos momentos de quem não esquece!


João Salvador – 10/10/2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Destruidor de sonhos


Asqueroso ser de vivência ilusória
Putrefacto cheiro a vida horrenda
Abominável ser que não o é
Transpiras culpa, sem remorso


Desculpas-te através do indesculpável
Refugias-te na doença que não existe
Filosofas, lindas palavras venenosas
Enganas, atormentas e dilaceras vidas


És um ser energúmeno e nojento!
Destróis sonhos de crianças
Matas sorrisos …
Acabas com a sua pureza


Sim, tu … predador de vidas
Apagas sonhos 
Matas ilusões
Crias desilusões


O ódio grassa na minha mente
Não sou deus,
Mas afogar-te-ei na tua própria depravação
Afundar-te-ei no limbo do inferno 
Onde arderão as tuas entranhas imundas
Numa eternidade de dor
Aquela dor e angústia 
Que sentirás e te consumirá


Ser diabólico 
Não vês?
Não tens lugar neste mundo! 
És um ser imundo.



João Salvador – 27/09/2011

Nota: A luta contra a pedófilia deve ser uma luta de toda a sociedade. É um quadro muito duro ver uma criança com os seus sonhos desfeitos. Sei tratar-se de um poema muito efusivo, mas é aquilo que sinto!

sábado, 15 de outubro de 2011

Página em branco


És uma página em branco
Sem vida, triste e sem cor
Buscas uma razão
Algo que justifique o viver


Alimento-te com palavras
Escrevo-as com devoção
Liberto-as com paixão
Preencho o teu rosto de cor


Acabo por escrever sobre amor
Já tens razão de existir
Lê-te agora a ti próprio
Já não és um rosto inexpressivo


Agora tornaste-te num soneto
No qual sussurrei belas palavras
Verti para ti os sentimentos
Libertei a minha alma
O meu amor … o meu desejo
Deixei em ti um pouco de mim!


João Salvador – 15/10/2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Amo a Vida



A mor, é um …
M omento, são
O lhares que me alimentam!

A mor é …

V ida! Existência sem tormento,
I usões, paixões, abstrações
D eleites da alma, é um …
A rdor, um alimento que acalento!


João Salvador

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Movimento adormecido


Navego pelas dubiedades da vida
Voo por pensamentos intermináveis
Caminho rumo a um horizonte que não conheço
Movo-me nessa busca que não termina


Sinto-me num vazio sem sentido, perdido …
Direi que tenho tudo e nada tenho!
Mas, que quero eu afinal?
Procuro uma resposta em mim.


Uma contestação que urge, mas que não surge
Vivo numa existência sonâmbula …
Sou um fantasma de mim mesmo
Vivo em sorrisos chorados e sonhos recalcados


Move-se o meu corpo por mover, mecanicamente
Deambulando pelos segundos do tempo
Guiado pelo tic-tac, pelo badalar de um relógio
Automatizado, mas … adormecido na vida!


João Salvador – 04/1
0/2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Voo Alado


São, seres alados
Que rasgam os céus,
Acariciados pelo vento
Livres e sem tormento
Graciosos voos
Movimentos perfeitos
Asas brilhantes
São seres livres
E livres serão
Perscrutam os céus
O azul celeste
Numa imensidão de prazer
Realizam os sonhos
E vivem livres
Pois livres o são!
Quero ser um ser alado
Quero ser livre e livre ser
Rasgar os céus
Voar sem tino
Anestesiado,
E sem destino!


João Salvador - 28/09/2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Sono profundo



Dormia o sono dos justos; profundo, deitado num mundo instável
Sonhava com o amanhecer sereno, numa acalmia plena de vida …
Queria um amanhecer feliz; deslumbrante; soalheiro e belo
Queria um novo dia a nascer … para te ver, lavrada pela luz


No meu sono vi-te. Pensava nas tuas palavras gravadas
Sonhava com os teus desejos, a tua ânsia de vida, os teus ensejos
Afastava com beijos ternos, os teus fantasmas que se esfumavam
No meu peito descansavas Afrodite, por mim venerada e amada


Sentia-te numa paz contagiante, uma respiração tranquila
Dormiam os corpos entrelaçados, aconchegados e quentes
Esperançados no sentimento puro do amor … o nosso amor!


O sonho passou célere, saboreado; apreciado a cada segundo
Sentido pela beleza deslumbrante de luz que nos envolveu
Acordei em paz na esperança de viver um novo dia … feliz!


João Salvador – 14/09/2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estava cego eu sei!


Estava cego eu sei
Estavas aqui ao meu lado
Enxugando as minhas lágrimas
Limpando as minhas feridas

Dilacerado pela autocomiseração
Cheio de pena de mim próprio
Não entendi os sinais
Que agora reconheço

Fui egoísta e distante
Preocupado com futilidades inúteis
Enquanto tu,
num canto choravas …
banhada no sofrimento,
do teu pensamento!

Estavas rodeada de mágoa,
Procuravas apenas um carinho
uma palavra de apreço
um acto de amor
um contentamento
Apenas te dei dor.
Desculpa meu amor!

Sim! Agora reconheço
Todo o teu tormento.
Olhei-me ao espelho
Não me reconheci,
vi … um ser egoísta, egocêntrico …
Até frio e distante
Tive medo do que vislumbrei!
Não me reconheci

Quem vi afinal?
Quando tu precisavas de mim
Apesar de viver no presente
Não estava ali
Mas agora vi
Mulher …
Estou aqui!


João Salvador - 15/09/2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Soldados


Nas trincheiras enlameadas
Nos buracos cavados pela morte
Na trajetória de uma bala
Ali está o soldado

Com o suor sulcado
Na face vincada de dor
O sofrimento contido
No pesar do seu espírito!

Morte que o procura
Na remissão da loucura
Tendo como última morada
Uma lápide moldada

Numa sepultura irada
Às portas de Portugal


João Salvador – 27/08/2011

Tributo ao Ranger


Caminhas pela escuridão, pé ante pé
Engolido pelas brumas, rodeado por fantasmas
Embrenhado, no mato, acariciando o tojo …
O Ranger passou cumprindo o silêncio da noite
Apesar das adversidades, a legação assim lho ditou!

Progredia o soldado no seu camuflado
Evitando o contacto, procurando máscaras
Ocultando a sua presença do inimigo
Palpitando o coração … apurando a visão

Sentia o metal gelado da espingarda
Que lhe torturava a alma!
Ofegava de emoção, sentido a pulsação
Num turbilhão de paixão que o perseguia
Nunca perdendo o rumo … evitando a morte!

Tendo como intenção: chegar; cumprir e vencer …
a perdição da desilusão, cumprindo a missão!
Norteada pela ação demoníaca do momento
Sem emoção ou medos da senhora da noite

Cuspiu rasgos de fogo latejantes
Arma fria que aqueceu e a alma enrijeceu
Gritos cortaram a noite num sofrimento atroz
Tudo acabou enfim … no silêncio


João Salvador – 26/08/2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mãe

O frio percorreu-me o corpo
Nesse inverno absorto … em si mesmo.
Um arrepio, fez-me acordar
Fez-me sentir o que não queria sentir.

As lágrimas inundaram-me,
Alagando o meu mundo,
Transbordando de dor!

De repente
Perdi o teu calor,
O teu colo
O teu amor
Ó minha mãe …

Perco-me nas recordações
Na infância
Nas tropelias de uma criança.

Tu sorrias …
Alimentavas-me de carinho,
Ainda que envergonhado,
Pelas indelicadezas da vida!

Nos teus braços
Protegidos, sentia-me …
Amado, adorado …
uma criança feliz!

Esse teu calor que guardo
No fundo do meu ser
Nas memórias que não vou esquecer

Vivo dessas lembranças
Do teu exemplo
Desse motor que me faz viver!
Das tuas histórias de vida

Ainda que longe
Ter-te-ei presente,
Para todo o sempre!


João Salvador – 07/09/20
11

domingo, 4 de setembro de 2011

Pensamentos de ilusão


Sinto-te distante
Separada por pensamentos,
devaneios e encantamentos.
Quero-te mas não te tenho,
estás perdida em ti!

Aguardo a tua voz serena
Que me alimente o desejo
Que temo!
Mas que almejo!

Errada é a paixão,
mera essência da ilusão?
É um escape … uma vida?

Assim o seja!
Pois …
Não vivo por viver
Não existo por existir
Não te quero por te querer,
Quero-te por te amar!


João Salvador - 04/09/2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Ferro e Fogo


Fujo incansavelmente
Escondo-me... do sentimento
Entro em compaixão
Busco a redenção … o perdão!

Que fuga poderei ter?
Que realidade poderei querer?
Não sei o que quero,
Mas sei o que sinto!

Cravada a ferro e fogo
Está a lembrança … no meu coração.

No meu sangue de lava,
Tu és vida … que lateja e me alimenta.
Ali vives tu!

Sim! Ali vives tu
No sangue que me aquece
Como um vulcão
Que me enlouquece

Por ti vivo e me alimento!
Esperando um novo dia,
… a salvação da minha alma!
Quase rendida, a este mundo de perdição!


01/09/2011 - João Salvador

domingo, 28 de agosto de 2011

Rosa do Desejo


Rosa pura, beijo-te num ósculo molhado
Nas tuas pétalas vermelhas, que me cegam
Com a infinita beleza do teu cheiro perfumado
Deleitam-me os perfumes de luxúria que emanas

Passo a rosa pelos meus lábios molhados
Deposito-a nos teus seios rijos de anseio
Para que sintas em jeito, o meu beijo que te deixo!

Brinco com a rosa, ondulante no teu corpo
Faço-te crescer a ânsia do pecado carnal
Para que sintas a perdição na satisfação!

Em trejeito de cópula eterna, numa loucura insana
Numa troca de fluídos puros libertados pelo amor
Dois corpos; ardentes … quentes, que se sentem
E cuja fome cedeu ao desejo … urgente

Consumimos os nossos corpos, devoramo-los …
Usamos os corpos, como alimento
Para nos libertar de um tormento.
Saciados enfim … num momento!


João Salvador

O meu pai era Moleiro - II



Meu pai era moleiro
Criava os filhos com paixão
Numa fome de existência
Procurou a redenção.

Meu pai era Moleiro,
Sofria com fervor!
Numa existência de labuta
Tendo por Deus, seu pastor!

Foste ceifado pela morte
Num adormecimento sereno
Premiado pelo amor
Do sorriso dos teus filhos

Pai, vives-te com afecto
Morres-te com devoção
No meu peito tu resides
Dentro do meu coração!


João Salvador

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O meu pai era Moleiro - I


O Meu pai era moleiro
Homem humilde e delicado
Fazia o pão, moia o trigo
Lidava com o povo, seu amigo!

Meu pai era moleiro,
um verdadeiro cavalheiro.
Moldava a vida ao trabalho,
Era um homem obreiro.

Meu pai era moleiro,
Fazia a farinha e o pão
Para alimentar o homem,
Desta vida, seu irmão!


João Salvador

sábado, 13 de agosto de 2011

Choro de desilusão!




Hoje estou triste,
Sou homem mas sinto …
Sim! O homem sente … sofre.
O meu pensamento é incerto.
Sofro em lágrimas de silêncio!
Sinto um ardor que me atormenta,
Uma dor que não dói.

Quero afastar as ideias sombrias,
São devaneios doentios!
Divagações que não quero!

Não me revejo nas trevas,
Vejo as almas … vazias,
Salpicadas de rancor!
O ódio atormenta-os,
Não sentem,
Estão sós,
Apenas existem!

Expludo de raiva!
Não aguento 
Tanta solidão.


Apesar da multidão.
Eu choro …
De desilusão!


João Salvador

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Vive do meu amor!


Ó mulher!
Sofro por ti.
Ardem-me as entranhas,
De amor.

Por favor,
Liberta-me desta dor
Sou o teu libertador!
Aclama-me com ardor,
Vive do meu amor!

João Salvador

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Aguardo-te


Aguardo-te serenamente
Nas tuas dúvidas
Nos teus medos
Que não entendo!
Mas compreendo.

Espero a cada instante,
Uma resposta,
Ainda que inconstante!
Mas ainda assim uma resposta.
Do teu mundo distante!

Tens medo da desilusão?
Não te prometo o éden,
Apenas um carinho,
Um momento de paixão!
Do saciar de um sonho,
Do desejo apaziguador
Aguardo-te …


João Salvador

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Passa a chuva e o vento


Passa a chuva,
Insana,
Que te banha.
Passa o vento,
num tormento,
que te chama!

Passa um momento,
Mas tu …
Resides no pensamento.

João Salvador

Em mim vejo


Em mim, vejo o sol
Na sua flama, que me chama.
Que me transporta para ti.
Um íman que não controlo!

No teu olhar, vejo a lua
Refletida na tua face de vida!
Uma realidade só tua! 

Uma lua que me atrai,
Uma vontade desmedida
Que me tragou!
Que me dominou.
Sou teu!

João Salvador

sábado, 6 de agosto de 2011

Ausência

Não estás aqui
Sinto a tua falta
Uma dor de ausência,
Que me atormenta!

Não ouço a tua voz,
Não respiro o teu perfume
Não alimento a minha visão.
Não vivo sem ti!

Retorna ao meu leito,
Ama-me com veemência
Sente o meu calor,
Ama-me com fervor!

João Salvador

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Fruto de Deus ou do acaso?


Fui ensinado a acreditar num Deus.
Um Deus que nunca conheci,
Um ser omnipresente, alguém que tudo observa.
Alguém que nos deu a existência.

Aprendi que esse Deus,
quer que não viva no pecado.
Que tenha normas de conduta e de amor!
Um amor puro e cristalino,
Uma forma de meditação;
Uma forma de partilha,
de sofrimento ….

Será que me deveria questionar?
Qual a verdadeira necessidade de um Deus?
Afinal, sou fruto do acaso?
Do nada, nascido de um vazio no universo?
Ou serei fruto de um Deus supremo?

Será Deus fruto da mente dos homens?
De mentes que nos primórdios,
domesticaram a humanidade?
Será uma criação da necessidade do homem,
De tentar explicar o inexplicável?
De estabelecer padrões de moral?

No fundo, nada disso importa!
Importa, que no meu íntimo seja quem sou.
Que procure valores que me realizem,
Condutas existenciais de paz; partilha e amor!
O restante, nada mais importa!

João Salvador

Ser belo na tua pureza



Para se ser belo significa seres tu mesmo ... na tua pureza!
Não te escondas atrás de máscaras,
que saberás cairão por terra ...
Na certeza porém,
que és aquele que és,
a tua própria essência!

Assenta o teu ser, em ti!
Ama-te a ti próprio antes de amares os outros,
Só assim vais valorizar quem te ama,
e quem te ama ama-te pelo que és.

Explora o melhor dos teus sentimentos,
Não precisas ser aceite pelos outros,
por algo que não és!

Não é a tua carcaça exterior,
Mas sim o teu interior,
o eu que tu conheces, explora-o!
Precisas aceitar-te a ti mesmo ...

Urge, lançares-te nessa cruzada …
Busca dentro de ti próprio ...
Clama pela liberdade do sentir ….

Esbraceja; esperneia; apaixona-te …perde-te!
Mas acima de tudo vive a tua efémera existência,
Depois verás que tudo será bem melhor!


João Salvador

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Diz o sonhador ...



Diz o sonhador, que o bom da vida é ser feliz.
Como alcançar a felicidade que toda a gente quer?
Não se iluda, pois a felicidade plena pode ser utópica.
Para se ser feliz é preciso saber aproveitar,
As pequenas coisas da vida …
Um sorriso verdadeiro,
O carinho de um (verdadeiro) amigo,
o amor pelo próximo,
as maravilhas da natureza …
o ar puro da floresta!
Essa beleza das criaturas de Deus,
Que foram colocadas no nosso caminho,
Que muitos não alcançam e não sentem!
Belezas que estão logo ali,
Só é preciso olhar e abrir a alma para elas …
Sinta-as!
Mas, se mesmo assim não encontrares a felicidade,
então, não desistas nunca, tenta até à exaustão!
Olha em volta,
abre o teu espírito,
reforça a tua ânsia pela vida.
Sê feliz!


João Salvador

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O bem e o mal


Entre uma luta titânica,
sob um manto de esperança,
nasceu uma criança.
Vida de um ser inocente e puro,
que o tempo transfigurou.
O ciclo da vida assim o ditou,
e ele se emancipou.
Tornou-se sob o peso da vida,
um ser frio e distante …
um olhar vazio!
Um espectro de felicidade,
que parecia não alcançar.

O bem e o mal,
o afetou …
Experimentou os sentimentos,
o ódio … a repulsa!
A controvérsia entre a felicidade e a infelicidade,
uma tempestade na alma.
Momentos de amor e de dor,
Intercalados em dias que não terminavam.
Dias em que um sorriso e um carinho materno o consolavam,
mas não chegavam!

O bem e o mal,
personificados ao som do chicote que ribombava livremente.
Uma dor carnal, gutural,
cujo sangue latejava querendo sair,
Personificados num diabólico ser,
num carrasco, que havia abraçado o mal.
Nele não havia esperança ou retorno,
apenas ódio e rancor.
Ódio que passava para essa criança,
nascida da esperança!

O bem e o mal!
Quem venceu essa criança afinal?
Batalha épica e eterna,
cujas almas vai moldando à dureza da existência.
A infância desse menino,
foi uma montanha de sentimentos contraditórios.
Uma teia da qual conseguiu soltar-se.
Rejeitou o mal e venceu!


João Salvador

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sereia



Rainha dos mares,
Do meu coração.
Percorres as águas,
Da minha ilusão.

Cavalgas as ondas,
Despertas paixões,
Cativas varões,
Vendes ilusões.

Conduzes as águas,
Iluminas a vida,
Realizas os sonhos,
Destes seres tristonhos.

És um engano …
um ser profano,
Que percorre o mar,
Que afunda as naus,
Que afoga os sonhos,

Matas de dor …
Aniquilas almas!
Sangras os homens …
Destróis o amor!


João Salvador - 2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O teu corpo é um templo


O teu corpo é o meu templo
Deleito-me quando te vejo
Encarno o papel do pecado
Perco-me no teu olhar!

Num momento,
Em que penso em abraçar-te
Petrifico com a tua beleza
Não sou digno de ter-te

Mas no entanto,
avanço …
Hesito!
Vejo um corpo escultural
Toco-te …
que fantasia!
Mas no momento,
Dissipa-se … o pensamento!

João Salvador

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Seja um doido alegre


Seja um doido alegre,
espalhe alegria onde estiver.
O mundo dos homens anda triste.
Olhe e veja em seu redor.
Quantas tristezas, reclamações, desenganos, indiferença?
Os rostos das pessoas anda com semblantes carregados,
como se nada mais houvesse de bom sobre a terra.
Procura alegrar com a tua força interior; o teu sorriso, o ambiente em que te encontras.
Contagia o mundo com a tua alegria.
Oferece uma rosa a alguém especial,
verás uma luz a refletir-se no seu rosto, um sorriso iluminado!
Seja amigo, ou namorado, seja o teu ser iluminado.
Faz feliz e sê feliz!

João Salvador

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ínfimo instante - Um pensamento


Todos os dias o ser supremo a quem chama-mos Deus nos olha do seu púlpito.
Dá-nos um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes.
Esse ínfimo instante que muitas vezes atemoriza, perante o conforto do ter.
O medo da busca pela incerteza, do que há-de vir ...
A chama! Um hímen que clama pela chama do desejo,
O eterno pecado da mudança, um caminho para um doce abismo.
Um rumo desnorteado, mal calculado ... um caminho sem retorno.
Um pensar racional ou emocional, uma problemática do ser, do eu!
Uma ténue linha entre a cobardia ou a coragem do desejo e do sonho.
Um instante que é só meu ... um fardo pesado,
Onde não existe o TALVEZ,
O instante mágico é o momento em que um SIM ou um NÃO pode mudar toda a nossa vida.
Depois, nada será como era ...
Na certeza da mudança!

João Salvador

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O meu berço - minha terra



Num recôndito cantinho da pátria de camões, nestas terras lusas
Atrás dos montes agrestes, salpicados de sumptuosas oliveiras
Surgem no vale, os terrenos cultivados pelo suor do camponês
Na formosa aldeia de Sanfins, meu berço, minha criação
Ali, nasci eu, nessa ditosa e amada aldeia Nordestina
Ser inocente que percorreu aqueles vales, desde o raiar do Deus sol
Banhava a minha face com a sua luz, uma chama de esperança
Percorria alegremente os campos de cultivo, povoados de vida!
Polvilhados de uma imensidão de pureza, onde não entrava a maldade
Assim era a minha aldeia, um berço de gentes com faces de labuta … mas serenas!
Nos intermináveis episódios de memória, que guardo, sinto o cheiro das hortas frescas
Do suculento melão amadurecido pelo tempo, que colhia com prazer.
Aquele néctar dos deuses, com o qual me deleitava e saciava!
Tudo era pureza, apesar da rudeza das vidas das gentes do interior
As suas almas eram límpidas numa transparência que cegava
O tempo – carrasco, passou e não perdoou. A aldeia mudou … tudo mudou,
Foram gentes que se sumiram com o seu radioso sorriso, recheado de humildade!
As coisas não são agora tão clarividentes e puras aos olhos de um adulto.
Foram-no é certo, outrora aos olhos de uma criança órfã e pura
Criança … agora homem, que vê a crua realidade do agora!

João Salvador

terça-feira, 19 de julho de 2011

Perfeição Imperfeita - Ser mortal


Busco no eu, a imperfeição de um ser perfeito.
Busco, um elo de sabedoria e de pureza.
Algo que me guie no incompleto processo da criação.
Pois, tu deus és soberano ... mas imperfeito!
O homem à tua imagem, senhor!
Um pecador mortal ... perfeito, mas ...
Cheio de desejos de vida, de luxúria.
Alguém que busca o pecado pela carne!
Uma busca incessante do eterno feminino.
Afinal, o pecado, não é pecado ... ou será?
Sim a luxúria, mas não o desejo ...
Afinal ó deus sou um ser perfeito, ainda que imperfeito.
Sou a tua criação ...
Sou a tua obra,
Não a perfeição,
Mas a imperfeição?


João Salvador

Convite da Morte

Aproximei-me perigosamente de ti ...
Cai num vazio de paz, onde a luz se aproximou
O limbo onde me encontrei, foi momentâneo, mas forte
No entanto, não pensei, quase te abracei ...
Ó morte! Suavemente surgiste sorrateira e risonha
Convidas-me a acompanhar-te
Querias-me num mundo que desconheço
Dizes em voz jocosa, que morrer não é acabar é renascer
Vi-te no entanto, ladeada de almas suspensas nos céus
Almas que gritavam, voando rumo ao Inferno
Vinhas ornada de uma gadanha de ferro, frio e arrepiante
Vestias um manto negro a relampejar,
Emanas um odor intenso, cheiras a sofrimento e dor.
O teu olhar, ainda que apelativo é vazio
É desprovido de emoção, um olhar medonho
No entanto, resisti aos teus encantos, tenho medo ...
Resisti a um cruel mas doce destino
Impuseste um pensar que me engana,
Quase me fez esquecer de viver
Uma morte que me envolve,
Rouba-me a serenidade
O repouso alicia, mas não o quero
Preciso de alimentar a alma de vida
Serás tu, ó morte, o fim?
Talvez, mas não a finalidade da vida
Não perdi o entusiasmo de viver, por isso vivo
Afasta-te de mim ó sombra tenebrosa ...
A vida é algo que persigo ... o olhar da mulher amada
O carinho da prol, o sorriso das gentes
Os sonhos, urgem num turbilhão, quero vivê-los
Pois morrerei certamente, mas não a teu convite

João Salvador

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Inspiração


Dias cinzentos e tristonhos,
Cuja inspiração não surge, nem mesmo em sonhos.
Refugio-me no interior da mente, procuro memórias
Incessantemente busco a inspiração, procuro a glória.

Questiono o poeta luso das suas aventuras
Rebusco na história as suas desventuras
Procuro compreender a incomprensão do poeta
Grito, choro, enlouqueço! Não consigo alcançar o horizonte

Obscuridade, escuridão, trevas que me envolvem
Não se vislumbra na minha mente a desejada inspiração
Sentimento amargo este! Sensação de impotência ...
Não desisto! Caminho, olho a lua, o mar ... o luar

Uma busca que não acaba
Ela há-de chegar ... embalada num soneto de ilusão, de paixão
Deixo o que me rodeia, penetrar em mim ... no meu âmago!
Inspiração desejada, surgirás pois! Preciso de ti.

João Salvador