terça-feira, 19 de julho de 2011

Convite da Morte

Aproximei-me perigosamente de ti ...
Cai num vazio de paz, onde a luz se aproximou
O limbo onde me encontrei, foi momentâneo, mas forte
No entanto, não pensei, quase te abracei ...
Ó morte! Suavemente surgiste sorrateira e risonha
Convidas-me a acompanhar-te
Querias-me num mundo que desconheço
Dizes em voz jocosa, que morrer não é acabar é renascer
Vi-te no entanto, ladeada de almas suspensas nos céus
Almas que gritavam, voando rumo ao Inferno
Vinhas ornada de uma gadanha de ferro, frio e arrepiante
Vestias um manto negro a relampejar,
Emanas um odor intenso, cheiras a sofrimento e dor.
O teu olhar, ainda que apelativo é vazio
É desprovido de emoção, um olhar medonho
No entanto, resisti aos teus encantos, tenho medo ...
Resisti a um cruel mas doce destino
Impuseste um pensar que me engana,
Quase me fez esquecer de viver
Uma morte que me envolve,
Rouba-me a serenidade
O repouso alicia, mas não o quero
Preciso de alimentar a alma de vida
Serás tu, ó morte, o fim?
Talvez, mas não a finalidade da vida
Não perdi o entusiasmo de viver, por isso vivo
Afasta-te de mim ó sombra tenebrosa ...
A vida é algo que persigo ... o olhar da mulher amada
O carinho da prol, o sorriso das gentes
Os sonhos, urgem num turbilhão, quero vivê-los
Pois morrerei certamente, mas não a teu convite

João Salvador

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